A popularidade do vegetarianismo, em todas as suas vertentes, tem crescido em muitos países, devido a preocupações com a saúde, questões ambientais e considerações étnico-culturais.

Uma dieta vegetariana bem equilibrada pode oferecer vários benefícios para a saúde, embora esses benefícios dependam da qualidade da dieta, de como ela é planejada e de outros fatores de estilo de vida, como atividade física, tabagismo e consumo de álcool.

De forma geral, o vegetarianismo está associado à redução do risco de doenças crônicas, como coronariopatias, hipertensão, diabetes tipo 2, obesidade e certos tipos de câncer, como colorretal, gástrico, mama e próstata. Isso ocorre em parte devido ao menor consumo de gordura saturada, colesterol, de alimentos processados e ultraprocessados e ao maior consumo de fibras, antioxidantes e fitonutrientes presentes em frutas, vegetais, legumes e grãos integrais.

Além dos benefícios para a saúde, dietas vegetarianas também são consideradas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, pois geralmente requerem menos recursos naturais, como água e terra, do que dietas baseadas em carne.

A adoção de uma dieta vegetariana após a cirurgia bariátrica é possível, mas requer planejamento muito cuidadoso e acompanhamento médico e nutricional adequados para garantir que o paciente receba todos os nutrientes essenciais, incluindo proteínas de alta qualidade, ferro, cálcio, vitamina B12, ácido fólico e outros nutrientes que podem ser mais difíceis de obter em uma dieta vegetariana.

No período pós-operatório mais imediato, pode ser ainda mais desafiador garantir a ingestão adequada de proteínas e outros nutrientes essenciais para recuperação satisfatória.

Há evidências limitadas na literatura médica específicas para a combinação de cirurgia bariátrica e dietas vegetarianas. A pesquisa nessa área ainda é escassa, e a maioria dos estudos concentra-se em dietas pós-cirurgia, mas não necessariamente dietas vegetarianas.

No entanto, a orientação de um nutricionista ou médico especializado em cirurgia bariátrica pode ser valiosa para ajudar os pacientes a planejar uma dieta vegetariana adequada, monitorar sua saúde e evitar deficiências nutricionais, garantindo a qualidade de vida que se busca com esse tipo de procedimento!

A cirurgia bariátrica é uma ferramenta extremamente eficiente para o controle do excesso de gordura corporal, promovendo redução do peso corporal, melhora da qualidade de vida e controle adequado de comorbidades.

Entretanto, pelo fato de a obesidade ser uma doença crônica, há risco de “reganho de peso” após o procedimento – o termo mais adequado para isso é recidiva de obesidade!

Mesmo nessa situação, não é o fim da linha!

Deve-se ter uma avaliação médica e de equipe multidisciplinar para investigar possíveis causas da recidiva, como mudanças metabólicas, alterações hormonais, problemas de saúde subjacentes ou fatores comportamentais.

O aconselhamento nutricional com orientações personalizadas para ajustes no padrão alimentar e a prática regular de exercício físico, além do suporte psicológico, seja com terapia individual ou grupos de apoio, são etapas fundamentais nesse processo! Além disso, cirurgias revisionais, abordagens farmacológicas e endoscópicas (como plasma de argônio) também podem ser estratégias utilizadas nesses casos.

A recidiva da obesidade após a cirurgia bariátrica é um desafio complexo e requer uma abordagem individualizada. Trabalhar com uma equipe multidisciplinar capacitada composta por médicos, nutricionistas, profissionais de saúde mental e educadores físicos é fundamental para desenvolver um plano de tratamento eficaz e seguro.

A Cirurgia Bariátrica vai acabar?

Com a divulgação dos resultados animadores dos ensaios clínicos randomizados e duplo-cego SURMOUNT 1 e 2 sobre o potencial de perda ponderal com o uso da tirzepatida tanto em pacientes não diabéticos quanto em diabéticos tipo II, muitos perguntam se a cirurgia bariátrica acabará em um futuro breve.

Infelizmente, não temos como prever isso e devemos lembrar que a obesidade é uma doença crônica, multifatorial e com altíssimo potencial de refratariedade quando não há um acompanhamento adequado.

Dessa forma, todas as novas medicações que foram aprovadas para o tratamento da obesidade nos últimos tempos, como Saxenda, Wegovy, Rybelsus, Contrave, outras drogas que se encontram em fase de testes clínicos, como Mounjaro, e outros dispositivos como o balão intra-gástrico deglutível tornam-se mais uma ferramenta disponível para auxiliar o tratamento dessa doença.

Logo, acredito (e muitos profissionais também compartilham esse pensamento) que a cirurgia bariátrica não deixará de existir e continuará sendo uma boa ferramenta de tratamento quando houver indicação precisa. Cada paciente deve ser avaliado adequadamente por equipe multiprofissional, de forma individualizada, para acessar o tratamento mais adequado, nada impedindo que ferramentas diferentes sejam associadas para se atingir um melhor resultado.